A literatura absorve e organiza conflitos,
fala Rosana Machado, mediadora de um debate entre André Tezza e Daniel Zanella,
no quinto dia da Flim 2013 – Festa Literária do Medianeira. Mas que marcas são
essas? , ela indaga.
Professor de Literatura na Vila Verde para
adolescentes de 13-14 anos, Daniel Zanella busca inserir temas do cotidiano dos
estudantes no universo literário, mapeando o que eles consideram cultura, de
forma a integrá-los na leitura. Tarefa longe de ser fácil, comenta ele, pois os
alunos encaminhados ao programa vêm de ambientes onde não há incentivo a
prática da leitura e, em geral, marcados por violência.
A publicidade é efêmera e no dia seguinte
ninguém se lembra do jingle ouvido, argumenta André Tezza, professor desta face
da comunicação. Apesar desta suposta brevidade, os trabalhos do ramo expõem
marcas de nossa época, no intuito de deixar visível o que não é, por vezes
emprestando recursos humorísticos, cada vez mais frequentes, comenta André.
Rosana Machado lê um trecho de Dia do Degelo,
crônica de Daniel Zanella, e indaga-o se nesta forma de escrita o autor é
personagem. Há alguma dificuldade em separar tanto autor de personagem como o
real do inventado, ele responde, devido ao impacto do texto nas pessoas
próximas. Quase como nos tempos de colégio, nos quais Zanella escrevia cartas
para as meninas de que gostava e apanhou do irmão de algumas; após tornar-se
cronista, ao escrever sobre gente de convívio frequente e mostrar os textos,
teve quem não gostou de ser ler retratado.
Respondendo a mediadora sobre a relação que
estabelece com personagens e contos, André Tezza diz que depende do livro,
durante a leitura ele descobre se o personagem tem a ver consigo. Pode existir algum distanciamento ao ler a
história, mas nem sempre durante a escrita, pois há indivíduos representados
nas próprios personagens.