“A tradução é uma atividade prática”. Assim
afirma Mario Helio, mediador da oitava sessão do Litercultura, em 18 de agosto
de 2013. Menciona o trabalho dos dois tradutores convidados, Lawrence Flores Pereira,
que se dedica a autores clássicos, e Christian Schwartz, cuja produção é com
autores contemporâneos, e lança a pergunta: o que é um tradutor?
Flores diz que sentia vontade de incorporar a
poesia através do idioma, e completa: “traduzindo é o melhor jeito de se
aprender outra língua”. Schwartz responde que “o tradutor é um tipo de
escritor”, mas ao invés de criar, recria.
O mediador questiona o que dominar uma
língua, ao que Lawrence fala sobre tonalidades e nuances de um idioma, percebidos
com a prática, além da pura tradução palavra-a-palavra. Helio pergunta se todo
tradutor deve falar a língua a ser interpretada, e para Schwartz, “domínio da
língua estrangeira é relativo”, pois “há uma separação entre fluência oral e
domínio [do idioma] para tradução”.
Parte deste domínio se dá no conhecimento do
significado da palavra no idioma original, conforme Christian. “A tradução é
fácil, há questão cultural mais do que linguística”. Ele exemplifica: no
Brasil, a refeição é nomeada de acordo com o horário, enquanto nos Estados
Unidos depende do alimento; o ‘dinner’ deste, se interpretado por aqui
unicamente como ‘jantar’, pode ser equivocado, pois indica uma alimentação
‘pesada’, possível de ser posta a mesa ao meio-dia.
De acordo com Lawrence Flores, “o tradutor é
uma placa extremamente sensível que recebe esses significados”. Da descoberta
de nuances, para escrever não uma tradução literal, mas adequada a cultura do
idioma para o qual se interpreta o original, é feita esta escrita peculiar
chamada tradução.