Domingo, 29 de setembro de 2013. Quem
passasse em frente ao Colégio Estadual do Paraná, próximo ao Passeio Público,
não imaginaria que a instituição abrigaria um conhecimento peculiar naquele
final de semana, cuja prática move seus adeptos de lado a outro continuamente.
Adentrando, vê-se que quatro rapazes levam um
grande colchão azul, pesado e resistente, para um pátio próximo a salas de aula
e séries de armários de metal. O grupo posiciona o colchão na frente de outro
igual, deitam-no no chão, ajeitam os dois itens, que formam algo semelhante a
um bloco no qual caberiam talvez dez pessoas deitadas. Havia mais pessoas
próximas , esperando por esta montagem, alguns acenos como quem diz ‘está bom
assim’, e eles servem a seu propósito.
Um rapaz toma distância, começa a correr em
direção aos colchões, e antes de pisar neles, pula e dá um salto mortal,
aterrissando firme no solo montado. Ele se levanta, sai de cima dos colchões, e
outros o seguem, ora com saltos mortais, ou simples pulos. O aquecimento
do Parkouritiba já tinha começado.
A explicação do Parkour é simples: mover-se
do ponto A ao ponto B de maneira desafiadora para quem pratica. Uma
simplicidade que envolve infinitos trajetos, de acordo com cada Traceur – uma
denominação dos praticantes do esporte. Não há competitividade, o percurso pode
ser feito livremente.
Um pouco antes do pátio onde foram colocados
os mencionados colchões, há uma ‘praça’, com mesas e cadeiras fixas feitas de
pedra – servem para treinar pulos básicos. Em frente a ela, uma face de um dos
prédios do Colégio, com quatro janelas verticais e retangulares cercadas por
cinzentas grades, nas quais a estrutura da grade formava algo semelhante a uma
cruz. Da praça a parede deste prédio distam aproximados dez passos – espaço
suficiente para que traceurs tomassem impulso com corrida e um pulo, no alto do
qual estendiam a mão até alcançar a parte inferior da grade. Não chegando
perto, uma brevíssima pausa no solo, uma rápida análise do trajeto - até seu
recomeço.
Dentro desta parte do Colégio, seguindo pelas
curtas escadas (ou pulando os degraus de uma vez só, como alguns fizeram), e
depois pelo corredor, chegava-se a cancha esportiva, também adaptada para o
Parkour. Próximos a porta, quatro cavaletes negros, dois mais altos em uma
fila, dois menores noutra, por cima dos quais os praticantes pulavam, se
apoiando na mão direita, esquerda, ou ambas; mas enquanto uma pessoa ou duas
segurava o cavalete para que não saísse de onde fora deixado, o topo destes
itens servia de pouso para saltos.
Na metade desta mesma cancha, foi montado um
andaime, em cujas barras metálicas os esportistas se seguravam, se balançavam e
pulavam, agarrando-se noutra mais alta ou baixa da qual estava. Fora deste
prédio, nas arquibancadas da pista de corrida, uma singela elevação no muro
destas serviu de apoio para saltos, de degrau para muro e vice-versa – local
observado por um grupo de cinco pessoas que haviam escalado uma guarita e viam
tudo do telhado desta, logo dividindo o espaço com outros que ali chegavam,
agarrando-se em vãos de muros ou grades de portões e janelas.
O Parkouritiba, nesta sua quarta edição,
aconteceu em 28 e 29 de setembro, reunindo aproximados 250 participantes no
primeiro dia. De salto a outro, cada um faz sua própria leitura do local em que
está e desafia-se, buscando uma forma nova de realizar o trajeto.