segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Infinitos saltos em um trajeto – um dia no Parkouritiba

Domingo, 29 de setembro de 2013. Quem passasse em frente ao Colégio Estadual do Paraná, próximo ao Passeio Público, não imaginaria que a instituição abrigaria um conhecimento peculiar naquele final de semana, cuja prática move seus adeptos de lado a outro continuamente.

Adentrando, vê-se que quatro rapazes levam um grande colchão azul, pesado e resistente, para um pátio próximo a salas de aula e séries de armários de metal. O grupo posiciona o colchão na frente de outro igual, deitam-no no chão, ajeitam os dois itens, que formam algo semelhante a um bloco no qual caberiam talvez dez pessoas deitadas. Havia mais pessoas próximas , esperando por esta montagem, alguns acenos como quem diz ‘está bom assim’, e eles servem a seu propósito.

Um rapaz toma distância, começa a correr em direção aos colchões, e antes de pisar neles, pula e dá um salto mortal, aterrissando firme no solo montado. Ele se levanta, sai de cima dos colchões, e outros o seguem, ora com saltos mortais, ou simples pulos. O aquecimento do  Parkouritiba já tinha começado.

A explicação do Parkour é simples: mover-se do ponto A ao ponto B de maneira desafiadora para quem pratica. Uma simplicidade que envolve infinitos trajetos, de acordo com cada Traceur – uma denominação dos praticantes do esporte. Não há competitividade, o percurso pode ser feito livremente.

Um pouco antes do pátio onde foram colocados os mencionados colchões, há uma ‘praça’, com mesas e cadeiras fixas feitas de pedra – servem para treinar pulos básicos. Em frente a ela, uma face de um dos prédios do Colégio, com quatro janelas verticais e retangulares cercadas por cinzentas grades, nas quais a estrutura da grade formava algo semelhante a uma cruz. Da praça a parede deste prédio distam aproximados dez passos – espaço suficiente para que traceurs tomassem impulso com corrida e um pulo, no alto do qual estendiam a mão até alcançar a parte inferior da grade. Não chegando perto, uma brevíssima pausa no solo, uma rápida análise do trajeto - até seu recomeço.

Dentro desta parte do Colégio, seguindo pelas curtas escadas (ou pulando os degraus de uma vez só, como alguns fizeram), e depois pelo corredor, chegava-se a cancha esportiva, também adaptada para o Parkour. Próximos a porta, quatro cavaletes negros, dois mais altos em uma fila, dois menores noutra, por cima dos quais os praticantes pulavam, se apoiando na mão direita, esquerda, ou ambas; mas enquanto uma pessoa ou duas segurava o cavalete para que não saísse de onde fora deixado, o topo destes itens servia de pouso para saltos. 

Na metade desta mesma cancha, foi montado um andaime, em cujas barras metálicas os esportistas se seguravam, se balançavam e pulavam, agarrando-se noutra mais alta ou baixa da qual estava. Fora deste prédio, nas arquibancadas da pista de corrida, uma singela elevação no muro destas serviu de apoio para saltos, de degrau para muro e vice-versa – local observado por um grupo de cinco pessoas que haviam escalado uma guarita e viam tudo do telhado desta, logo dividindo o espaço com outros que ali chegavam, agarrando-se em vãos de muros ou grades de portões e janelas.

O Parkouritiba, nesta sua quarta edição, aconteceu em 28 e 29 de setembro, reunindo aproximados 250 participantes no primeiro dia. De salto a outro, cada um faz sua própria leitura do local em que está e desafia-se, buscando uma forma nova de realizar o trajeto.